Fonte: Folha Online
A OMS (Organização Mundial de Saúde) elevou o alerta para a gripe suína do grau 3 para o grau 4, em escala que vai de 1 a 6, nesta segunda-feira. "Isso significa que houve um passo na direção de uma pandemia [uma epidemia de vasto alcance geográfico, talvez mundial] da influenza, mas que ainda não chegamos nessa situação", explicou o diretor-geral adjunto da OMS, Keiji Fukuda, em entrevista à mídia.
"Neste momento, consideramos que demos um passo rumo pandemia, mas que ela não é inevitável. A situação é fluida."
O grau 5 é declarado quando há focos em mais de dois países de uma mesma região; e o 6, quando a pandemia é oficial. Essa escala da OMS foi feita em 2005 devido à gripe aviária.
A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é transmitido de pessoa para pessoa e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, com febre superior a 39ºC, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal.
No México, a gripe suína contaminou mais de 1.600 pessoas e matou 22 --esse número pode chegar a 149, se exames laboratoriais apontarem gripe suína como causa da morte em todas as suspeitas. Nos Estados Unidos, o número de casos confirmados é de 40, sendo 20 apenas na cidade de Nova York, em um grupo de alunos de uma escola particular católica que viajou para o México recentemente. No Canadá, há sete casos confirmados.
Foram confirmados casos também na Europa --um na Espanha e dois na Escócia.
No total, 11 países --Colômbia, Suíça, Dinamarca, Reino Unido, Nova Zelândia, Israel, Suécia, Hong Kong, França, Peru e Alemanha-- investigam casos de suspeita de gripe suína, sempre envolvendo passageiros que estavam em trânsito no México ou pessoas que tiveram contato direto com esses passageiros.
Por conta dessa ligação com o México, empresas de turismo de vários lugares --como Japão e Alemanha-- cancelaram viagens ao país. A UE (União Europeia) chegou a "aconselhar" que os cidadãos do bloco evitassem viagens para toda a América do Norte. Nos EUA, autoridades consideraram a medida europeia exagerada; enquanto a secretária de Estado, Hillary Clinton, recomendou que os americanos evitem ir ao México.
No Brasil, o Ministério da Saúde pede que viagens desnecessárias sejam adiadas e que os brasileiros que viajarão para México e EUA usem máscaras cirúrgicas, para evitar contágio.
Para a OMS, medidas de efetiva restrição de viagens serão inúteis. "O que a experiência nos diz é que as restrições de viagens e o fechamento de fronteiras têm pouco efeito em frear o movimento do vírus", disse Fukuda.
No entanto, a organização recomendou que pessoas já doentes evitem viagens internacionais e que pessoas que tenham sintomas de gripe logo após uma viagem procurem um médico.
Medo
No México, o Ministério da Saúde suspendeu as aulas de todas as escolas do país até o dia 6 de maio próximo, o que afetou 33 milhões de estudantes, do ensino básico até o superior. Na capital, Cidade do México, as ruas ficaram desertas, e o governo distribuiu máscaras para a população. Os restaurantes e as igrejas fecharam as portas, seguindo a ordem do governo que proibiu grandes aglomerações de pessoas.
O país é o único a registrar mortes por gripe suína. Na maioria dos casos, os mortos eram pessoas com 20 anos a 50 anos.
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, reforçou o temor da comunidade internacional de que a gripe suína vire pandemia. "Estamos preocupados com que o vírus possa causar uma nova pandemia de gripe. Não sabemos ainda em qual direção ele irá, mas nos preocupa saber que, no México, a maioria dos que morreram era de adultos jovens e saudáveis."
"Estamos no momento mais crítico da epidemia. O número de casos continua subindo, então temos que reforçar medidas preventivas", disse o secretário de Saúde mexicano, Jose Angel Cordova. No vizinho EUA, o médico Richard Besser, diretor interino do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), confirmou que o cenário é "levado a sério".
Mais cedo, o presidente Barack Obama afirmou que a doença não era "causa de alarme".